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O Açúcar no Mundo
Após ler e pesquisar alguns livros e na internet, rapidamente, tentei fazer um relato do que li e que achei mais coerente. Há algumas controvérsias entre as escritas e histórias narradas. Então, procurei uma sequencia que achei um tanto lógica e espero ter encontrado um caminho mais adequado para relatar tantas historias,contos, lendas e até fabulas da saga açúcar.
“Um Caule que dá mel sem a ajuda das abelhas.”
Néarque
O Bambu de Açúcar
O Açúcar, o doce paladar… Esse sabor que rememora a candura por vários séculos com historias, viagens, coragem, trabalho, audácia, escravidão, imaginação, engenho e ciência para que hoje em dia possamos degusta-lo com grande naturalidade. O açúcar ainda é um dos principais temas que atravessa o tempo. Na era do primeiro milênio, o mel era a principal fonte doce da época. Na antiguidade, descobriram a outra forma doce, a cana de açúcar, que era cultivada na Nova Guiné, Nova Hibride, Nova Caledônia e nas ilhas Fiji, chegando as Filipinas, Indonésia, Malásia, China e Índia. Naquela época, o “bambu de açúcar”, como era chamado na China, já estava bem expandido pelo país até o Vietnam. Cortavam a cana, mastigavam e sugavam o caldo para obter um sumo açucarado. Diversas descrições apontam o uso do sumo do açúcar, começando por uma simples bebida. Depois começaram a cozinhar o caldo da cana para fazer xarope, infusões e sucos.
Um Caule que dá Mel
A extração do açúcar, segundo alguns historiadores, começa na Índia. Por volta do ano 325 a.c,o Almirante, chamado Néarque, que acompanhava Alexandre O Grande numa expedição militar á Índia, referindo-se ao canavial, fala de “um caule que dá mel sem a ajuda das abelhas”.
Alguns séculos depois, os persas foram a uma expedição na Índia e aprenderam a apreciar o açúcar indiano e decidiram desenvolver a cultura da cana a beira do Mediterrâneo Oriental. Todo o Oriente Médio começou a comprar o açúcar da Pérsia. Os persas conseguiram melhorar consideravelmente a cristalização do açúcar.
O açúcar era colocado em toneis de barro ou de madeira em forma cônica; havia uma abertura no alto desse cone onde o xarope era filtrado e o conteúdo se transformava em um cone de açúcar sólido, que era chamado de “pão de açúcar.” Esse termo nos lembra algo? Sim a semelhança da rocha no Rio e desse cone de açúcar.
Pão de Açúcar e Inspiração
Entre várias histórias, a mais provável é que os portugueses deram esse nome ao morro devido ao apogeu do cultivo da cana no Brasil entre os séculos XVI e XVII e pela aparência com os cones onde se cristalizavam o açúcar.
O açúcar é de grande inspiração, como por exemplo,na etimologia do nome açúcar que vem do sânscrito sukkar (grão de areia), da poesia Ramayana (uma das primeiras no mundo sobre o açúcar), Maguelone Toussain-Samat,Voltaire, Nostradamus,em algumas músicas, livros e do nosso ponto turístico carioca, entre outros.
O Açúcar e o Oriente Médio
Voltando a história da Pérsia, na Idade Média, entre os séculos VI e VII a.c., o apogeu do açúcar dos Persas foi fragilizado pelos árabes. Nos navios que transportavam o açúcar para os compradores do oriente médio, eram organizados contrabandos das plantas da cana de açúcar para serem cultivados no “Saara”. Sendo assim, a cana de açúcar foi estabelecida no Egito, na Palestina, na Síria, na África do Norte, nas ilhas Baleares (Espanha) e no reino Árabe-Andaluso (sul da Espanha) e depois foi plantada em Chipre (Turquia), Creta e Rode (ambas ilhas na Grécia). Os árabes aperfeiçoaram o método de decantar o xarope, conseguindo obter um produto que chamaram de Kurat al Milb (bola doce); é dessa expressão que vem o caramelo. “Todo o Oriente Médio exala caramelo” escreveu Maguelone Toussaint-Samat em seus escritos sobre a época medieval. Os árabes também utilizaram o açúcar para conservar as frutas e as flores.
O Açúcar na Europa
Logo a seguir os árabes introduziram o açúcar na Europa… No século XII, os mouros apresentaram o açúcar na Sicília. Após certo tempo Veneza obteve o monopólio do comercio com o Oriente e controlava a entrada do açúcar na Europa. Na idade do ouro nos portos italianos, o açúcar começa a ser um símbolo de prestigio, de refinamento e de poder.
No século XV, Portugal e Espanha queriam se liberar dos produtores do mediterrâneo e importaram a cana de açúcar das suas propriedades na África e também não podemos esquecer-nos da trajetória do caminho das Índias feito por Vasco da Gama, que permite aos portugueses obterem os recursos necessários referentes ao açúcar indiano e por volta de 1420 a cana é implementada na Ilha da Madeira e no ano 1460 nas Ilhas Canárias pelos espanhóis. Lisboa ultrapassa Veneza no engenho de açúcar e Portugal passa a ser o primeiro fornecedor do mercado europeu. Mas, na realidade, o que vai dar impulso a era da cana de açúcar será a descoberta da América pelos europeus.
Cristovão Colombo em sua segunda viagem a América, em 1493, introduz a cana de açúcar na República Dominicana e no Haiti, mas foram destruídas por um ciclone. Sua segunda tentativa foi em 1509 onde deixa plantações em Porto Rico, Cuba e Jamaica. Em 1520 a cana é levada e cultivada no México.
Os portugueses, nos meados do século XVI, levam a cana de açúcar para o Brasil. A plantação é desenvolvida principalmente no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Nesse mesmo século começa a escravidão no Brasil. Os colonizadores portugueses trouxeram os escravos para trabalhar nos engenhos de cana de açúcar. Época obscura para o povo africano…
Depois de 1625, os holandeses levaram o açúcar da América do sul para as Ilhas do Caribe,as Ilhas Virgens e Barbado.
No inicio do século XVII, as Antilhas Francesas tiveram sua primeira plantação de cana em 1643. E os engenhos de açúcar se multiplicaram na Martinica, Guadalupe e São Domingo. Na França os engenhos de açúcar começam em Nantes e Bordeaux. O século das luzes é também o século do mercado açucareiro onde o açúcar passa a ser o elemento da economia francesa.
O Açúcar de Louis XIV, Vatel, Dom Pérignon e Chefes de Cozinha
Continuando essa viagem fantástica através de séculos de açúcar, entramos na época do chique e da grande cozinha francesa no século XVII, através do Rei Sol Louis XIV. Vamos continuar a falar de açúcar e não de outros pratos. Nessa época, o açúcar começou a ser usado em bolos, pratos de cereais,”crèmebrûlée” (creme a base de ovos), torta de pera (uma das preferidas da corte), na leiteria, sucos, molhos adocicados para sobremesas, entre outros. O açúcar vai sendo incorporado ao vinho até Dom Pérignon descobrir o champanhe. Dom Pérignon, era padre, e vivia num mosteiro na região de Champanha e se ocupava da vinícola. Louis XIV adorava os vinhos dessa comarca. Não podemos deixar de falar dos mestres da cozinha e entre eles Vatel que inspirou o requinte, a elegância e uma cozinha cheia de surpresas. Também não podemos deixar de ressaltar os italianos chefes de cozinha na época do açúcar que entrava no porto de Veneza, os confeiteiros do açúcar faziam uma massa pastosa onde criavam esculturas e arquiteturas laboriosas como símbolos da riqueza. Os mestres portugueses da cozinha da Renascença, assim como os italianos, nessa época, também eram catedráticos nas ” confitures” (compotas), tortas de amêndoas e na confecção de artesanatos de açúcar.
Simbolo do Poder
Açúcar e a Corte
Apesar de toda pompa, o açúcar ainda continua caro e raro na Europa ao ponto que na casa dos ricos o açúcar ficava fechado à chave. Na corte, não era diferente. Luis XIV possuía a chave onde guardava o açucareiro precioso e de tal charme, que era colocado somente na mesa, para fazer a honra aos seus nobres convidados a Versalhes.
Nos boticários (as farmácias da época) encontrávamos remédios a base de açúcar, como drágeas para a garganta, xarope, fusão. Naquela época, sopas a base de açúcar também eram recomendadas.. Como escreveu Nostradamus, “já entramos no prazer do açúcar mesmo medicinal.” Os preços dos remédios à base desse produto também eram altos. Tudo referente ao açúcar ainda era de valor fora do comum no século XVII.
Café com Açúcar
Já no século XVIII a consumação do açúcar esteve em alta, mas os preços também. Contudo, o hábito de beber o café veio à moda no ocidente. A Europa aprendeu a beber café com açúcar com os turcos. Voltaire em sua alusão ao açúcar, disse que, “o café deve ser preto como a noite, quente como o inferno e doce como o amor”. Na época de Louis XV, as damas adoravam açucareiro como ornamento a mesa, o café doce e o chocolate doce pela manhã eram delicias implacáveis a olhos vistos. Nessa época, podemos relatar através da historia e das pinturas que as mulheres não eram magras. O açúcar ajudava a ressaltar essa corpulência.
Como os preços do açúcar na Europa ainda estavam em alta e não eram accessíveis a todos, resolveram fazer uma pesquisa para tentar descobrir uma planta que pudesse se adaptar ao clima europeu para produzir açúcar. Então, entra a tentativa de produção de açúcar de beterraba na Europa. Um químico alemão, chamado, Magraaf faz as primeiras tentativas com a beterraba em 1747. Mas a produção era longa, onerosa e rendia pouco açúcar.
Açúcar Beterraba
No século XIX, precisamente em 1786, um aluno de Magraaf, Frédéric Achard recomeçou o trabalho de seu professor sobre o açúcar, lançando um processo bem eficaz que iria se espalhar pela Europa e que Napoleão Bonaparte ficaria totalmente entusiasmado. Assim o açúcar de beterraba entra na historia da Europa.
Nesse mesmo século houve a abolição da escravatura no Brasil, em 13 de maio de 1888. No final desse século, imigrantes italianos vieram para o Brasil, muitos trabalharam no plantio do café.
Açúcar e o Meio Ambiente
E por ai vai o açúcar, no século XX onde a história do açúcar no Brasil pega um rumo renovador com o estudo da técnica para fabricar motor a álcool. Em 1933 Getúlio Vargas cria o IAA – Instituto do Álcool e Açúcar. Em 1975 o Proálcool é criado, diminuindo assim a importação de derivados do Petróleo. Com tanta exploração da cana, o meio ambiente ficou totalmente descoberto com a falta de um planejamento nesse setor. Movimentos ecológicos foram criados nos anos 80 e o desenvolvimento sustentável passou a ser discutido em reuniões internacionais.
E o muno do açúcar continua a brilhar, cana ou beterraba, chegando ao século XXI. Com a cana de açúcar, o Brasil vem ganhando prestígio de ser um dos maiores produtores de açúcar e álcool. Muitos estudos e pesquisas vêm sendo feitos em se tratando do bagaço da cana para a produção da energia. Não podemos deixar de ressaltar que, a geografia e as condições naturais do Brasil à produção de biomassa ganham um destaque primordial no mundo. Tantas usinas qualificadas e de destaque elevam esse progresso. Não entraremos muito em detalhes sobre o século XX e XXI por agora. Vejam algumas usinas no país.
Todos e o Açúcar
O açúcar pertence um pouco a “todos”, sim um pouco, já que pertenceu e viajou por tantos “mundos” e atravessou tantas histórias. Hoje em dia poderíamos chamar o açúcar de sublime ou de vilão da história? Com a busca exagerada pelo corpo ideal e com atenção mais redobrada a saúde, poderíamos dizer que o açúcar ainda tem o seu papel demasiadamente importante em se tratando do álcool, da própria cachaça (para uma caipirinha perfeita) e da energia.
Aqui vai uma tabela para nos situarmos melhor:
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Le Sucre dans le Monde
Bamboo de Sucre
Un Tige qui donne du Miel
Pain de Sucre
Sucre Inspiration
Le Sucre au Moyen-Orient
Le Sucre en Europe
Le Sucre de Louis XIV, Vatel, Dom Pérignon et Chefes de Cuisine
Symbole de Puissance
Un des symboles confectionnés par les Italiens. Ils l’offraient en cadeau à leurs invités – Italie | Bonbonnière de sucre. XVIIème siècle | Confiseries à la cour de Louis XIV – France |
Le Sucre et la Cour
Cafè avec Sucre
Sucre de Beterrave
Le Sucre et l’environnement
Le Sucre Apartient à Tous
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Belo post, realmente o açúcar foi muito relevante para a economia.
“o café deve ser preto como a noite, quente como o inferno e doce como o amor”. Adorei.
Que bom que você gostou do texto e essa linda frase de Voltaire…
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